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Ari Lopes, Omdia: transformação é crucial, porque mercado tradicional já não entrega crescimento

Roberta Prescott 


As prestadoras de serviços de telecomunicações precisam se transformar, porque o mercado tradicional não entrega o suficiente para as operadoras manterem o nível de faturamento do passado, enquanto as novas tecnologias impulsionam mudanças relevantes no setor. “A receita não está crescendo tanto, porque você precisa ter um controle de Capex e algumas das apostas, como 5G, ainda não trouxeram o resultado esperado”, destacou Ari Lopes, Practice Leader, Service Provider Americas Markets, OMDIA.

 

Ao abrir o TELCO TRANSFORMATION LATAM 2025, evento da Conecta Latam realizado nesta quarta-feira (27/8), no Rio de Janeiro, o keynote speaker assinalou que existe um positivo — porém, moderado — crescimento de receitas do setor de telecomunicações na América Latina, enquanto o mercado está em meio à uma redução de Capex que vai durar até 2026. “Não só a região como um todo tem ficado um pouco para trás em 5G, mas o próprio desenvolvimento e investimento em 5G está meio desigual, com diferentes velocidades em diferentes países”, apontou.

 

Ao mesmo tempo em que esse atraso imprime um impacto macroeconômico em alguns países, a incerteza sobre como será a rentabilização do investimento em 5G também segura o mercado. As conexões e ofertas de 5G estão concentradas no Brasil e México, que, juntos, detêm 51% da do total de conexões móveis na América Latina e 79% daquelas usando a tecnologia 5G.  

 

Em relação à implantação das redes 5G, em seu sexto ano de operação comercial, houve muito pouco incremento em termos de inovação de serviços. “Estamos em 2025 e ainda não vemos sinal de impacto nas receitas das operadoras com essa nova tecnologia. Foi um exercício de construção de rede e tem pouca inovação acontecendo”, disse Lopes. 

 

A América Latina também se vê diante de uma maior concentração de mercado devido a aquisições, falências e saídas de empresas de países. E, ainda que a aglomeração seja inevitável, ela não chega a ser indesejada, caso leve a ter companhias mais sustentáveis. “O Brasil é o único caso que você tem as três operadoras com margens saudáveis e isso não acontece no resto da América Latina”, pontuou Ari Lopes. 

 

Diante dessa dinâmica, as evidências de mercados globais apontam que existem casos de sucesso de telcos aumentando receitas para além de serviços de telecomunicações e da conectividade, entrando na oferta de serviços como computação em nuvem, segurança, tecnologia da informação. “É transformar porque o seu core business não está crescendo tanto. E, se ele não está crescendo tanto, você vai precisar precisar controlar o seu Capex, e os seus gastos em geral”, reforçou Lopes. 

       

Testar produtos com fatiamento de rede, com IA e com outros serviços, como acesso fixo sem fio (FWA, na sigla em inglês) ou cloud gaming, é um caminho pelo qual as telcos latinoamericanas não estão ganhando escala ainda. Entender a atual situação do setor leva a algumas transformações de mercado, inclusive, com situações de recuperação judicial ou vendas, “porque não existe ainda realmente um mercado sustentável em muitos países da América Latina”, justificou Ari Lopes.

 

No Brasil, o analista apontou que existe uma situação de certa maneira mais cômoda, com as três grandes telcos em uma situação operacional bastante saudável. “Mas a maneira que eu vejo isso é que elas têm tempo para poder se preparar para a próxima transformação”, disse. “É preciso estar preparado para utilizar novas alavancas de crescimento. E tem o luxo de realmente parar, pensar e entender como vai poder fazer isso, porque existe uma janela de oportunidade e não há que desperdiçá-la”, completou.


Ari Lopes, Omdia

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