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Sem antagonismo: telcos precisam monetizar e otimizar as redes 

Executivos do painel que debateu o futuro das telcos na América Latina no TELCO TRANSFORMATION LATAM 2025 abordaram os desafios e as oportunidades atuais para a infraestrutura de telecomunicações 


Roberta Prescott


O que funcionou para as prestadoras de serviços de telecomunicações até agora não vai sustentar o crescimento delas nos próximos anos. Mas a resposta não está na escola entre monetizar ou otimizar as redes. As operadoras estão em um mercado que está crescendo, mas não necessariamente como almejavam, já que precisam acompanhar as mudanças tecnológicas, ao mesmo tempo em que os clientes querem mais qualidade sem querer pagar mais por isso.  


“Temos que ser ambidestros, cuidando da correlação de forças que requerem, por um lado, otimizar a rede e, por outro, monetizá-las, tendo um nível maior de segmentação. É buscar o balanço, entendendo onde focar e conhecendo os riscos que podemos tomar — e, assim, sair do antagonismo entre otimizar e monetizar”, frisou Guillermo Figueredo, gerente de planejamento e otimização móvel da Antel Uruguay, ao participar do painel keynote que debateu o futuro das telcos na América Latina, no primeiro dia do TELCO TRANSFORMATION LATAM 2025, realizado nesta quarta-feira (27/8), no Rio de Janeiro.


Na mesma linha, Felipe Ruiz Rivillas, CISO e vice-presidente de cibersegurança e core de rede da Liberty Latin America, concordou que não existe esse antagonismo. “É uma simbiose”, destacou. “Otimizar e monetizar são parte da mesma estratégia”, concordou David Serrano Aranda, líder global Head de OSS e redes da Minsait. 


As operadoras podem monetizar as redes 5G adicionando serviços digitais à oferta. “Acho que na América Latina as telcos têm de ir para o caminho da eficiência, incorporando tecnologias para serem mais eficientes e converter as redes em autônomas, além de seguir com foco no cliente”, disse Christian Livia Cavalie, diretor de tecnologia da Movistar Perú, para quem implantar rede de fibra ótica também ajuda na rentabilidade.  


Para Felipe Ruiz Rivillas, da Liberty Latin America, o momento também traz uma oportunidade para renegociar e revisar contratos com os fornecedores. “É pare, pense e siga; é revisar onde estamos e dar prioridade a investimentos para onde vá o negócio, investir onde tem mais oportunidade”, justificou. 


O processo de transformação implica, na visão de Carlos Gramajo, vice-presidente de nuvem e serviços de redes da Nokia para América Latina, uma revolução de dentro para fora. “O valor agregado está nas plataformas e, quando falamos em transformação da rede em plataforma, é sobre explorar as capacidades digitais”, explicou Gramajo. Um exemplo é acoplar produtos e serviços. “Segurança é uma oportunidade gigante para os negócios; está na porta do forno e temos de capitalizar. Nós, telcos, pecamos em criar os produtos para os clientes”, apontou Felipe Ruiz Rivillas. 

  

Olhando para os próximos cinco a dez anos, Carlos Gramajo disse que a venda para o mercado corporativo desponta como potencial, principalmente, capitalizando a digitalização das companhias. “Existe um mercado. Como indústria, temos de nos transformar para atender a este mercado”, assinalou o VP da Nokia. “Temos que focar no B2B e há habilitadores importantes para isso que têm que ver com 5G standalone. E parte do negócio  B2B é pensar nos parceiros, que têm muito conhecimento funcional do negócio, sendo mais fácil acertar os produtos e serviços”, acrescentou Aranda, da Minsait.  


O caminho a ser trilhado está ligado à transformação de companhias. “A tecnologia não apenas está mudando telecom, mas todas as indústrias; como fazemos negócios e como operamos. Todas as empresas precisam de serviços de cloud, de conectividade, de segurança para mudar seus negócios e competir no novo mundo e as telcos que podem fornecer isso”, explicou Cavalie, da Movistar Perú. 


Inteligência artificial 

Está claro o potencial disruptivo da inteligência artificial e hoje é mais difícil encontrar empresas que não estejam testando alguma ferramenta do que quem tem projetos. Para David Serrano Aranda, a IA vai conseguir levar as redes a um nível de autonomia e eficiência que até hoje não existiu. 


A IA também se aplica a sistemas de BSS, segmentação e entendimento de cliente, além de aplicações para redução da intensidade de uso da rede para economia. “O mais transformador é quando a colocamos para rede preditiva, para gerar melhor qualidade de serviço, porque isso leva à melhora de percepção do clientes”, assinalou Gramajo. 


Christian Livia Cavalie lembrou que a IA tradicional está em uso há anos na Movistar Perú para predição, smartcaps, para saber onde escolher colocar as antenas de 5G e fazer a predição de onde elementos de rede vão falhar. A novidade é a inteligência artificial generativa, que está sendo testada para experiência do cliente.


A jornada passa por treinar e capacitar os profissionais, além de garantir a qualidade e a integridade dos dados. “Os modelos de dados têm de ser acurados e sólidos. Hoje, estamos usando IA para canais de clientes, como assistente para o pessoal que atende os clientes e também estamos explorando a assistência de pessoal de campo para redes fixas”, contou Guillermo Figueredo, da Antel Uruguay.   


“O que não se mede não se pode melhorar. As estratégias não são livro escrito, cada um tem estratégias diferentes, com diferentes culturas que afetam, então, avaliem onde estão e onde querem chegar. Há que inovar, mas também há que ser prudente na inovação”, finalizou Felipe Ruiz Rivillas. 


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